Herr Camões
Um alemão seria capaz de escrever os “Os lusíadas”?
Nein! Claro que não. Se Luís Vaz de Camões fosse alemão escreveria algo sobre os químicos emitidos pelas amígdalas emocionais que disparam sempre que o intelecto neurótico e recalcado ousa conjecturar sobre o futuro ou, porque não, sobre a aerodinâmica e a ergonomia das naus e todas as forças relativas e envolventes, como o atrito produzido pela água que aumenta, talvez, linearmente com a sua salinidade. Um alemão dissertaria sobre o vento sempre de forma pragmática, desnecessariamente sintética, fria e cruel. Os monstros marinhos que se cuidassem pois seriam reduzidos à classe mesquinha e fútil das tempestades. Coitaduxo do Adamastor!, aquela figura que “se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má, e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos” (Os Lusíadas, canto V, 39), que para o Camões Bosh não passaria de uma terrena e simples tempestade provocada pelo efeito de condensação. Seria, usando dos preceitos científicos, a entrada num centro de baixas pressões, marcado por ventos e precipitação fortes, e trovoadas, auxiliada pelas duas correntes marítimas opostas que levantavam o mar no ar e lhe davam um aspecto, sem nos deixarmos acometer pela emoção, medonho.
Uma obra como “Os Lusíadas” jamais poderia ser tão terra-a-terra, mais não seja porque foi vivida grandemente no mar. Só povos com formas de vida errantes podem ter a mínima pretensão de realizar uma obra assim tão grande e espectacular.
Até os fabulosos sonetos de um Herr Camões seriam condensados em prosa fatidicamente científica. “O amor é fogo que arde sem se ver”... isso é que era doce! Se há alguma coisa que arde é porque está provida de algum elemento combustível.
No amor e nas viagens os alemães planeiam. Nas viagens e no amor os portugueses sonham. O sonho dá, à imagem de Os Lusíadas, grandes epopeias líricas. O planeamento, o máximo que nos pode dar, são desvios do real em relação ao planeado e um conjunto de dados mais afinados para as próximas acções de planeamento. Por isso é que os “Os lusíadas” não poderiam ser escritos por um alemão. É hormonal.
Nein! Claro que não. Se Luís Vaz de Camões fosse alemão escreveria algo sobre os químicos emitidos pelas amígdalas emocionais que disparam sempre que o intelecto neurótico e recalcado ousa conjecturar sobre o futuro ou, porque não, sobre a aerodinâmica e a ergonomia das naus e todas as forças relativas e envolventes, como o atrito produzido pela água que aumenta, talvez, linearmente com a sua salinidade. Um alemão dissertaria sobre o vento sempre de forma pragmática, desnecessariamente sintética, fria e cruel. Os monstros marinhos que se cuidassem pois seriam reduzidos à classe mesquinha e fútil das tempestades. Coitaduxo do Adamastor!, aquela figura que “se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura, O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má, e a cor terrena e pálida, Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos” (Os Lusíadas, canto V, 39), que para o Camões Bosh não passaria de uma terrena e simples tempestade provocada pelo efeito de condensação. Seria, usando dos preceitos científicos, a entrada num centro de baixas pressões, marcado por ventos e precipitação fortes, e trovoadas, auxiliada pelas duas correntes marítimas opostas que levantavam o mar no ar e lhe davam um aspecto, sem nos deixarmos acometer pela emoção, medonho.
Uma obra como “Os Lusíadas” jamais poderia ser tão terra-a-terra, mais não seja porque foi vivida grandemente no mar. Só povos com formas de vida errantes podem ter a mínima pretensão de realizar uma obra assim tão grande e espectacular.
Até os fabulosos sonetos de um Herr Camões seriam condensados em prosa fatidicamente científica. “O amor é fogo que arde sem se ver”... isso é que era doce! Se há alguma coisa que arde é porque está provida de algum elemento combustível.
No amor e nas viagens os alemães planeiam. Nas viagens e no amor os portugueses sonham. O sonho dá, à imagem de Os Lusíadas, grandes epopeias líricas. O planeamento, o máximo que nos pode dar, são desvios do real em relação ao planeado e um conjunto de dados mais afinados para as próximas acções de planeamento. Por isso é que os “Os lusíadas” não poderiam ser escritos por um alemão. É hormonal.
Muitos dos alemães passam a vida a planear. Muitos dos portugueses perdem-na a sonhar... Um preço igualmente justo a pagar por algum alento.
5 Bocas:
Pelos sonhos os português foram conquistadores.
Portugueses, é claro.
Um preço que pode ser demasiado alto quando a vida se resume ao sonho e se deixa de lutar pelo que se sonha...
Desiste-se dos sonhos por um emprego, pelos estudos, por algo que substitua a lacuna que este tinha em nossas vidas. Ambição e desejo são facilmente comprados pelos prazeres que só o capitalismo pode comprar. Para todos os outros, use a imaginação e continue com seus sonhos: presente em todos os lugares desde a fundação do mundo.
E o que seria de nós se grandes sonhadores, como Santos Dumont, fossem corruptíveis e desistissem de seus ideais?
Se este fosse um filme da Disney, terminaria com uma mensagem estilo "nunca deixe de sonhar", mas, como não é, deixarei vocês com uma frase que meu sábio pai vive dizendo:
"A vida é dura, pra quem é mole."
É pra se pensar.
Je me donne les moyens de réaliser les rêves...
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